Nuno Esteves nasceu em África, mas foi no Porto que a sua criatividade inata começou a florescer. Lá frequentou a Escola Artística Soares dos Reis, que lhe permitiu começar a explorar o seu talento para as artes visuais.
Sempre audaz e disposto a experimentar, Nuno, com apenas 17 anos, mergulhou de cabeça no mundo do cinema ao trabalhar como caracterizador no controverso filme "O Pecado da Mamã". Foi uma introdução intensa à indústria, sendo lançado diretamente para o meio dos veteranos do cinema português. No entanto, em vez de se intimidar, absorveu cada lição com entusiasmo juvenil.
Durante os seus anos de formação, Nuno já se destacava pela sua personalidade vibrante e estilo inconfundível. Naquela época, chocava ao tingir o cabelo de um azul vibrante e vestir-se em monocromático na mesma tonalidade audaciosa. Esse visual único valeu-lhe o apelido "Blue" entre os seus colegas da escola de dança Balleteatro, que rapidamente se tornou o seu nome artístico.
Prosseguiu com os estudos na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde se formar em escultura. Em paralelo, explorou as artes cénicas, atuando como bailarino e lecionando caracterização na escola profissional Balleteatro Contemporâneo do Porto. A sua paixão pelas transformações visuais começava a ganhar forma.
Ainda antes de ingressar na universidade, a curiosidade de Nuno pelo universo da maquilhagem já era evidente, levando-o a frequentar cursos de forma discreta no Citex (Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil), visto que era muito jovem para se matricular oficialmente. Essa sede de conhecimento apenas se intensificou quando, após se diplomar, partiu para Paris.
Na vibrante cena parisiense, Nuno pôde finalmente aprofundar-se na arte da maquilhagem profissional. Durante oito anos, trabalhou na área com os melhores do ofício. O seu talento rapidamente chamou a atenção, levando-o a trabalhar com lendas da alta costura como as prestigiadas casas Dior e Jean Paul Gaultier.
No entanto, o ritmo frenético e as longas horas exigidas pela indústria da moda eventualmente levaram Nuno a sentir a necessidade de mais equilíbrio na sua vida e a pensar em mudar de rumo. Ainda assim, a sua passagem por esses bastiões do glamour foi inestimável. Manteve excelentes relações com os seus mentores e colegas, que se tornaram alguns dos seus melhores amigos até hoje.
De facto, foi novamente o acaso que reacendeu a sua paixão pela caracterização artística. Convidado para auxiliar num ensaio fotográfico de moda na ausência do maquilhador profissional, Nuno destacou-se ao manipular a maquilhagem de forma natural e talentosa. Esse impulso inicial levou-o a inscrever-se num curso de maquilhagem na Lancôme, que lhe forneceu uma base sólida para o ofício.
Desde aí que Nuno Esteves tem consolidado uma carreira distinta, combinando técnicas tradicionais com uma perspetiva arrojada. A sua base clássica faz dele um caracterizador mais "old school", mas é precisamente essa matriz tradicional, combinada com um olhar arrojado e destemido, que torna o seu trabalho tão distinto e único até aos dias de hoje.